Termina nesta quarta-feira (29) o prazo para a Prefeitura Municipal de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, explicar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB) sobre os gastos com a edição deste ano da festa de São João na praça do Povo.
Como trouxe o ClickPB na última sexta-feira (24) veio a tona o pedido de explicações a Prefeitura de Santa Rita por parte da corte de contas. Ele é assinado pelo conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira e foi publicado na edição da segunda-feira (27) do Diário Oficial do TCE-PB.
Como verificado pelo ClickPB, no documento, o TCE explicou que, em caso de omissão, haverá imediata suspensão dos procedimentos e atos administrativos que envolvam a realização das festividades do São João.
A denúncia ao TCE-PB sobre as contratações milionárias, ante a falta de investimento público em saúde e educação, foi feita pelo pré-candidato a prefeito Nicola Lomonaco.
“Ante o exposto, considerando as manifestações técnica e ministerial, considerando ainda a vultosa soma envolvida na celebração aos santos juninos, concedo o prazo (improrrogável) máximo de 48 (quarenta e oito) horas ao Sr. Emerson Fernandes Alvino Panta, na qualidade de Prefeito constitucional de Santa Rita, para promover os esclarecimentos reclamados pela Auditoria”, diz o conselheiro na decisão observada pelo ClickPB.
Na decisão notada pelo ClickPB, o conselheiro também determina que Emerson Panta deve apresentar o estudo de viabilidade econômica para a realização da festa e discriminar detalhadamente os custos totais com o São João. Confira abaixo todos os pedidos feitos pelo TCE.
| Confira o que é solicitado na decisão do TCE à prefeitura de Santa Rita:
-Justificativa acerca das controvérsias envolvendo as questões orçamentárias aqui descritas;
-Apresentação do projeto de concepção global da celebração junina;
-Apresentação do planejamento de contratação das atrações e os critérios de escolha;
-Demonstrativo do estudo de viabilidade econômica do evento, destacando o retorno financeiro para a Prefeitura, a economia local e os seus impactos sociais e culturais;
-Demonstrativo da participação da iniciativa privada (patrocínio) e o montante arrecadado/captado;
-Apresentação do layout da praça de festejos;
-Trazer à colação as respectivas cartas de exclusividade (empresário exclusivo) referentes às inexigibilidades destinadas à contratação de artistas, na hipótese da avença não ser celebrada diretamente com o cantor(a);
-Discriminar detalhadamente os custos totais da festividade (atrações artística, estrutura, apoio, divulgação/marketing plano de mídia e outros gastos indiretos), tudo para posterior análise da Unidade Técnica do TCE PB.
Promotora do Ministério Público pede suspensão da festa
Como trouxe ontem (28) o ClickPB, o Ministério Público da Paraíba, por meio da 3ª promotoria de Justiça, recomendou a suspensão da edição deste ano do São João de Santa Rita.
A recomendação é assinada pela promotora Anita Bethânia Silva da Rocha e é datada da segunda-feira (27).
O documento é baseado no gasto previsto de R$ 10 milhões com a festa, que foi anunciada com 65 shows em 2024.
Ao longo da recomendação, a promotora cita que a cidade na Região Metropolitana de João Pessoa teve, em 2023, uma arrecadação de IPTU e ITBI menor que o valor que deve ser desembolsado com o São João: R$ 8,3 milhões.
Outros pontos levantados são os números considerados baixos de Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB) e Índice de Desenvovimento Humano (IDHM), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
No documento, a promotora chega a comparar que o valor poderá ser gasto pelq Prefeitura de Santa Rita com o cachê pago pelo poder público do Rio de Janeiro com o show da popstar Madonna, em parceria com um banco privado.
“A título de exemplo, no show de Madonna (04/05/2024), a Prefeitura do Rio de Janeiro desembolsou os mesmos 10 milhões de reais para a realização do evento. Porém, o Município do Rio de Janeiro possui uma receita corrente líquida 70 vezes maior do que o Município de Santa Rita”, cita.
Foto: Reprodução Google.