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Família de Silvana Pilipenko, brasileira desaparecida na Ucrânia, segue sem notícias há 20 dias

A família da paraibana Silvana Pilipenko, brasileira que está desaparecida na Ucrânia, segue sem notícias do paradeiro dela há 20 dias. O último contato foi no dia 3 de março, quando ela disse que a cidade estava começando a ser atacada e sofria com quedas de energia. Desde então, a família passa pela angústia de não ter nenhuma atualização, a não ser pelas informações do aumento nos ataques russos à cidade de Mariupol, cidade onde o casal estava antes de parar de se comunicar com parentes.

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“Não temos nada, nada, nada de notícia. Gabriel [filho de Silvana] está também querendo ver se tem alguém que queira entrar para pegar os pais dele, mas até agora a gente não tem nenhuma notícia concreta e nem sem ser concreta”, disse a irmã de Silvana, Mere Vicente, na manhã desta quarta-feira (23).

Segundo a sobrinha de Silvana, Maria Beatriz Vicente, a família chegou a receber uma notificação de uma pessoa na cidade de Mariupol, onde a brasileira mora, dizendo ter visto Silvana e o marido, Vasyl Pilipenko.

“Não sabemos quando foi isso exatamente, mas recebemos essa informação”, explica a jovem.

De acordo com o g1, a família de Silvana informou que na terça-feira (22) o filho de Silvana, Gabriel Pilipenko, conseguiu falar com o Itamaraty. “Eles entraram em contato com Gabriel e dizem que estão fazendo de tudo, mas realmente a situação está complicada porque eles não podem mandar uma pessoa para entrar em Mariupol, para arriscar a vida também dessa pessoa”, disse Mere. A reunião foi por videoconferência, junto com o Governo do Estado da Paraíba, e Gabriel participou por telefone.

Gabriel Pilipenko tem 26 anos. Ele é engenheiro naval e, assim como o pai, também trabalha na Marinha Mercante, como segundo oficial, mas deixou a embarcação na qual trabalhava em Taiwan para procurar a mãe.

Segundo Mere, a intenção de Gabriel era ir até a Ucrânia, mas ele mudou de ideia. “Ao chegar na Alemanha ele viu as possibilidades e está muito perigoso. Ele ia para Odessa, mas lá está perigoso também, então ele agiliza o que pode a partir da Alemanha. Falando com conhecidos que têm família na Ucrânia, sabendo se tem contato com esses familiares e se eles podem buscar informações. Ele está fazendo de tudo, mas até agora não temos nada”, disse.

Paraibana Silvana Pilipenko está sem contato com a família do Brasil desde o dia 3 de março — Foto: Beatriz Vicente/Arquivo pessoal

Paraibana Silvana Pilipenko está sem contato com a família do Brasil desde o dia 3 de março — Foto: Beatriz Vicente/Arquivo pessoal

Procurado pelo g1, o órgão responsável pela repatriação de brasileiros no exterior disse que o Itamaraty tem conhecimento do caso e, por meio do escritório de apoio em Lviv, tem mantido contato regular com familiares da nacional.

“Organizações internacionais de apoio humanitário presentes na cidade já foram acionadas com vistas a tentar localizar a cidadã”, afirma.

Apesar disso, o órgão disse que não fornecer dados específicos sobre casos individuais de assistência a cidadãos brasileiros.

Vida de Silvana na Ucrânia

Silvana é casada há 26 anos com o ucraniano Vasyl Pilipenko, capitão da marinha mercante. Eles se conheceram em uma festa em Santos, em São Paulo, e, depois de dois meses, se casaram na Paraíba.

Em um vídeo enviado há mais de duas semanas, segundo os parentes, Silvana explicou que a família não tinha como deixar a cidade. Ela estava abrigada no apartamento da sogra junto com o marido. Explicou que a cidade faz fronteira com a Rússia e não daria para sair por lá. A outra opção seria atravessar todo o território do país para sair por outra fronteira, mas essa opção não era viável.

Em último vídeo enviado a parentes, paraibana desaparecida na Ucrânia falou sobre situação

Ela também relatou dificuldade em conseguir comida e de se locomover. Ainda, faltam táxis e internet. A comunicação com a família estava sendo apenas por meio do celular usando dados móveis e ela chegou a avisar que poderia perder o contato com os parentes do Brasil a qualquer momento, por conta dessas dificuldades.

Apesar disso, Silvana conseguia se comunicar todos os dias até 3 de março. Na ocasião, chegou a ligar para a família e, depois, não fez mais nenhum contato.

Conforme o Governo da Paraíba, através da Secretaria de Representação, cerca de 16 paraibanos entraram na Ucrânia entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022. Silvana Pilipenko é a única cuja família registrou desaparecimento.

Gabriel e a mãe, Silvana Pilipenko, brasileira desaparecida na Ucrânia — Foto: Arquivo Pessoal

Gabriel e a mãe, Silvana Pilipenko, brasileira desaparecida na Ucrânia — Foto: Arquivo Pessoal

A situação em Mariupol

Mariupol é uma cidade portuária no leste da Ucrânia e que está sob cerco do exército russo desde 28 de fevereiro. Autoridades ucranianas explicam que o fechamento do município pelas tropas russas faz com que a população fique sem acesso a água, energia e gás para aquecimento, além de dificultar a saída dos civis, que são interceptados pelas tropas da Rússia.

Na segunda-feira (14), o conselheiro presidencial da Ucrânia, Oleksiy Arestovych, disse que mais de 2.500 moradores da cidade haviam morrido desde que a Rússia invadiu o país em 24 de fevereiro. As informações foram repassadas para Oleksiy pela administração da cidade. Imagens registradas por satélites da empresa americana Maxar mostraram a destruição causada por bombardeios russos em Mariupol.

Também no dia 14, segundo a administração de Mariupol, um grupo de 160 carros com civis finalmente conseguiu deixar a cidade por meio de corredores humanitários.

Nesta terça-feira (21), 27° dia de guerra, a cidade de Mariupol foi invadida por forças russas, segundo o jornal inglês “The Guardian”. Mariupol é considerada estratégica pela Rússia por sua posição geográfica. Até agora, a cidade estava cercada pelas tropas invasoras.

O portal conversou com um funcionário de alto escalão da defesa americana que confirmou a invasão.

Segundo a reportagem, mais de 200 mil pessoas estão na cidade. A Human Rights Watch descreveu a cidade como “uma paisagem infernal congelante repleta de cadáveres e prédios destruídos”.

Foto: Arquivo Pessoal

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