O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), fez um discurso nesta quinta-feira (8) na tribuna no qual se defendeu das suspeitas relacionadas a ele investigadas pela CPI da Covid.
Além disso, Ricardo Barros informou ter pedido ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), para ser ouvido até o próximo dia 16, isto é, antes do recesso parlamentar. O depoimento estava marcado para esta quinta (8), mas foi remarcado para o próximo dia 20.
Segundo o G1, a convocação de Ricardo Barros foi aprovada pela CPI em 30 de junho e foi motivada pelos depoimentos do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e do irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde.
Em depoimento à CPI, em 25 de junho, os irmãos disseram ter informado ao presidente Jair Bolsonaro as suspeitas envolvendo as negociações para aquisição da Covaxin, vacina contra a Covid-19 produzida por um laboratório na Índia.
Ainda no depoimento, Luis Miranda disse que, ao ouvir o relato, Bolsonaro disse que era “coisa” do Ricardo Barros. O parlamentar chefiou o Ministério da Saúde no governo Michel Temer (2016-2018).
Desde então, o líder do governo na Câmara tem negado envolvimento em irregularidades, afirmando que não há “dados concretos” ou “acusações objetivas” contra ele.
O discurso de Barros
Durante o discurso desta quinta-feira, Ricardo Barros disse não ter “nenhuma questão” com Luis Miranda e acrescentou querer ir à CPI da Covid para “esclarecer os fatos”.
“O deputado Luís Miranda, não tenho nenhuma questão com ele. E eu estou procurando a oportunidade de ir à CPI para esclarecer os fatos que envolvem o meu nome”, disse o líder do governo Bolsonaro.
Para Barros, o nome dele já foi citado “inúmeras vezes” e, sempre que o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), pergunta a um depoente se tem relação com o líder do governo, a pessoa nega. “Mas eu mesmo não tive oportunidade de fazer os esclarecimentos”, acrescentou.
Barros também se defendeu sobre uma emenda (proposta incluída em um projeto), apresentada à medida provisória que facilitou a importação da indiana Covaxin.
Foi por meio de uma proposta de Barros que essa MP incluiu a Central Drugs Standard Control Organization (CDSCO), autoridade sanitária da Índia, na lista de agências internacionais que devem ser consideradas para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorize a importação e a distribuição de vacinas.
Segundo a legislação, a Anvisa deve oferecer parecer sobre a autorização excepcional caso o insumo seja aprovado por uma das autoridades internacionais listadas.
“O presidente da CPI, senador Omar Aziz, fez a mesma emenda propondo que a Índia entrasse na MP. Eu fiz a emenda, o [deputado federal] Renildo Calheiros (PCdoB-PE), irmão do relator da CPI, fez a emenda”, disse, citando outros sete parlamentares.
“Todos propuseram que, obviamente, a Índia entrasse na medida provisória simplesmente porque é o maior produtor de vacinas do mundo”, disse Barros.
Outros trechos
Saiba outros temas abordados por Ricardo Barros no discurso:
Regina Célia:
Barros também comentou a relação com Regina Célia, fiscal do contrato da Covaxin do Ministério da Saúde e que depôs à CPI nesta semana. O líder do governo confirmou ter nomeado a servidora quando estava à frente do ministério.
Francisco Maximiano
Barros também se defendeu sobre supostas relações com Francisco Maximiano. O empresário é dono da Precisa Medicamentos, que intermediou o contrato do Ministério da Saúde para compra da Covaxin, e só da Global, empresa investigado por ter recebido R$ 20 milhões do ministério, sem entregar medicamentos.
“Global] Já fez um termo de reconhecimento de dívida, parcelou e está devolvendo os recursos ao Ministério da Saúde”, disse.
Roberto Dias
Barros também se justificou em relação a Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde. Dias prestou depoimento nesta quarta (7), foi preso sob acusação de mentir à CPI e depois foi solto após pagar fiança de R$ 1,1 mil.
Roberto Dias foi nomeado diretor-geral da Secretaria de Infraestrutura do Paraná durante a gestão da mulher de Barros, a então governadora Cida Borghetti. Segundo ele, a nomeação tratava-se da indicação do ex-deputado Abelardo Lupião, à época secretário.
“Eu espero que ele [Dias] possa provar que de fato não tem nada a ver com este problema que foi levantado pela Davati”, disse Barros, em referência à denúncia de Luiz Paulo Dominghetti, segundo quem Roberto Dias pediu propina em troca de um contrato com a Davati Medical Supply para fornecimento de vacinas. Dias nega ter pedido propina.
Foto: Michel Jesus.