O depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello à CPI da Covid foi suspenso na tarde desta quarta-feira (19) e, ao deixar o Senado, Pazuello disse que será retomado nesta quinta (20). Em seguida, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), confirmou a informação.
Pazuello presta depoimento na condição de testemunha. A reunião da CPI foi suspensa porque começou, no plenário do Senado, a sessão de votação de projetos. Logo depois, informou a colunista do G1 Ana Flor, o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que Pazuello passou mal. O ex-ministro negou.
Inicialmente, Omar Aziz, presidente da CPI, havia informado que o depoimento seria retomado após a sessão do plenário do Senado. No entanto, antes de a sessão ser encerrada, Pazuello deixou o prédio do Senado e afirmou que retorna nesta quinta.
A CPI já havia marcado para quinta-feira o depoimento de Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde que defende o uso da cloroquina contra a Covid, embora o remédio seja cientificamente comprovado ineficaz contra a doença.
Segundo o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), com a continuidade do depoimento de Pazuello, o de Mayra deve ficar para o próximo dia 25.
O depoimento de Pazuello
O depoimento de Pazuello é um dos mais aguardados por integrantes da CPI. General do Exército, o ex-ministro comandou a Saúde entre maio de 2020 e março de 2021.
A gestão de Pazuello foi marcada por uma série de polêmicas e, durante esta quinta-feira, primeiro dia de depoimento, os senadores abordaram temas como:
recomendação do uso da cloroquina (remédio ineficaz contra Covid);
recomendação de tratamento precoce;
colapso da Saúde em Manaus.
No depoimento, entre outros pontos, Pazuello disse que:
houve distribuição de cloroquina por demanda de estados e municípios;
o tratamento precoce "virou uma questão ideológica";
faltou oxigênio em Manaus por 3 dias.
A declaração sobre Manaus irritou senadores da comissão. Eduardo Braga (MDB-AM), por exemplo, chegou a interromper a fala do ex-ministro para dizer que a afirmação era “mentirosa”.
Durante a sessão, Omar Aziz, presidente da CPI, chegou a alertar ao ex-ministro que “faltar com a verdade” gera “consequências muito grandes”.
Para o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), o ex-ministro Pazuello está colaborando “muito pouco” com as investigações.
Para Renan, Pazuello faz um “exercício muito grande” para não responder às perguntas dos senadores. O senador disse ainda que vai propor a contratação de uma agência para chegar as informações dadas pelo ex-ministro.
Habeas corpus no STF
Na semana passada, Pazuello obteve um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para ficar calado na CPI sempre que entender que as perguntas dos senadores podem levá-lo a se autoincriminar.
Durante o depoimento desta quinta, Pazuello afirmou que iria responder a todas as perguntas.
Depois do anúncio sobre o adiamento, o presidente da CPI, Omar Aziz, disse em entrevista à GloboNews que Pazuello “não foi constrangido em nenhum momento” durante o depoimento. “E vamos ter que ter mais fatos, não versões. Queremos fatos”, acrescentou Aziz, em outro trecho.
Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também concedeu entrevista à GloboNews e disse que Pazuello se contradisse sobre alguns temas, como as negociações envolvendo a farmacêutica Pfizer.
“Foi um depoimento sofrível, com contradições flagrantes”, ressaltou.
Randolfe alertou, no entanto, que, se a comissão, tiver que fazer acareações entre depoentes, “o restante da CPI vai ser somente de acareações”.
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