O policial da reserva Fabrício Queiroz, denunciado pelo Ministério Público como o operador do esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos), pediu à Polícia Militar uma inspeção de saúde para avaliar se ele está apto a adquirir uma arma de fogo.
A informação foi antecipada pela “CNN” e confirmada pelo G1. O procedimento é praxe para policiais da ativa ou da reserva que queiram comprar armamento. A análise é feita por uma junta médica que avalia se o PM tem condições psíquicas e físicas para a aquisição.
A PM não respondeu se o aval já foi dado, mas o G1 apurou que, no último dia 20, a junta médica considerou Queiroz apto a adquirir o armamento. O advogado do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Paulo Emilio Catta Preta, não respondeu se a arma já foi comprada.
Queiroz foi preso nas investigações das “rachadinhas” do gabinete do senador Flávio Bolsonaro. Em março, o Superior Tribunal de Justiça concedeu liberdade a ele e à mulher, Márcia Aguiar. Três dias depois, ele retirou a tornozeleira eletrônica.
Suspeita de envolvimento com milícia
No pedido de prisão de Queiroz, o Ministério Público denuncia o envolvimento dele com milicianos, entre eles o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega.
O Capitão Adriano, como era chamado, é apontado como o chefe de um grupo de extermínio chamado de Escritório do Crime e foi morto em uma operação da polícia da Bahia em fevereiro de 2020.
A ex-esposa de Adriano, Danielle Mendonça da Costa, e a mãe dele, Raimunda Veras Magalhães, trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro e são suspeitas de participarem da rachadinha, devolvendo parte dos seus salários.
O MP estima ainda que Adriano possa ter transferido mais de R$ 400 mil para as contas de Fabrício Queiroz.
Ainda segundo a investigação, Márcia Aguiar manteve contato com a mãe de Adriano da Nóbrega quando ele já estava foragido. Queiroz teria dado orientações a ela para que ficasse escondida.
Queiroz também é apontado como tendo influência sobre integrantes da milícia por meio de uma mensagem de áudio encaminhada por sua mulher.
Um interlocutor não identificado pede ajuda a Queiroz “para que interceda junto a milicianos em seu favor após ter sido ameaçado”, de acordo com o juiz Flavio Itabaiana, que havia pedido a prisão de Queiroz.
“Eu queria que, se desse para ele (Queiroz) ligar, se conhecer alguém daqui, (da comunidade dominada pela milícia da) Tijuquinha, Rio das Pedras, os ‘meninos’ que cuida daqui”.
Queiroz respondeu à mulher que iria resolver a questão quando fosse pessoalmente ao local, porque temia ser grampeado.
O juiz que determinou a prisão de Queiroz afirmou ainda que “há indícios de que o investigado Fabrício Queiroz ainda possui influência política, mesmo não ocupando mais um cargo comissionado”.
O ex-assessor é apontado como operador do esquema. Com os dados obtidos na quebra de sigilo, o Ministério Público afirma que Queiroz fazia pagamentos de contas pessoais de Flávio e da família dele, que o senador usava a loja de chocolates dele para receber recursos obtidos na “rachadinha” e depois retirava como se fosse lucro e ainda compra de imóveis usando dinheiro vivo em operações suspeitas.
O Ministério Público afirma que Flávio Bolsonaro desviou mais de R$ 6 milhões dos cofres da Alerj. A denúncia do MP está sob risco depois que o STJ decidiu anular as quebras de sigilo bancário e fiscal determinado no caso. Isso porque a acusação usa esses dados. A PGR recorreu dessa decisão para que o STF decida o caso.
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