çãoNesta quinta-feira, 18, os usuários australianos do Facebook foram surpreendidos por uma restrição com a qual não contavam ao abrir a rede social. Eles foram impedidos pela empresa de tecnologia de compartilhar links de notícias. Até o governo, que condenou duramente a medida, foi afetado em comunicações ligadas ao combate à pandemia e outros serviços essenciais. Trata-se de mais um round numa disputa que tem se intensificado no país: a necessidade de gigantes como a plataforma criada por Mark Zuckerberg e o Google pagarem às organizações de imprensa pelo conteúdo compartilhado em suas páginas.
Segundo a Veja, os órgão de imprensa australianos não conseguiam publicar reportagens no Facebook e as pessoas que tentaram compartilhar notícias receberam mensagens automáticas dizendo que estavam impedidas de fazê-lo. “Esta postagem não pode ser compartilhada”, avisa o site. “Em resposta à legislação do governo australiano, o Facebook restringe a postagem de links de notícias e todas as postagens de páginas de notícias na Austrália. Globalmente, a postagem e o compartilhamento de links de notícias de publicações australianas são restritos.”
A Câmara dos Representantes aprovou na quarta-feira um projeto do governo, o Código de Negociação da Mídia de Notícias, que obriga empresas de tecnologia a pagarem pelo jornalismo australiano. Pela legislação, as plataformas digitais e as empresas de mídia podem negociar livremente o pagamento de um determinado valor. Caso não haja um entendimento, esse valor será definido por lei. Logo depois, tanto o Google quanto o Facebook ameaçaram retaliar. A legislação ainda deve ser ratificada pelo Senado para se tornar lei.
O Facebook emitiu na quarta-feira um comunicado assinado por William Easton, responsável pela Facebook na Austrália e Nova Zelândia, no qual diz que a proposta de lei australiana interpreta mal a relação entre a plataforma e os editores que a usam para compartilhar os conteúdos noticiosos: “Isso deixa-nos diante de uma escolha difícil: tentar cumprir uma lei que ignora a realidade desse relacionamento ou parar de permitir conteúdos noticiosos nos nossos serviços na Austrália. É com um peso no coração que escolhemos a última hipótese”.
Sobre as páginas governamentais, de emergência, meteorologia ou de caridade que foram indevidamente bloqueadas, o porta-voz da empresa garante que a funcionalidade desses sites afetados será restabelecida em breve.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, atacou a proibição imposta ao país em sua própria página no Facebook: “As ações do Facebook para afastar a Austrália hoje, cortando os serviços de informação essenciais sobre saúde e serviços de emergência, foram tão arrogantes quanto decepcionantes. Essas ações só vão confirmar as preocupações que um número cada vez maior de países expressam sobre o comportamento das empresas BigTech que se consideram maiores do que governos e que as regras não devem se aplicar a elas. Eles podem estar mudando o mundo, mas isso não significa que eles o comandem. Não seremos intimidados pela BigTech tentando pressionar nosso Parlamento.”
A News Corp. chegou a um acordo com a Alphabet Inc, que controla o Google. Pelo contrato de três anos, a empresa de mídia australiana controlada por Rupert Murdoch anunciou que receberá “pagamentos substanciais” da empresa de tecnologia. A mesma negociação foi feita com organizações de notícias de peso em todo o mundo de língua inglesa, como The Wall Street Journal e New York Post, nos EUA, o Times e o Sun, no Reino Unido, e The Australian e Sky News, na Austrália.
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