O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), afirmou que os “próximos dias em Manaus serão difíceis”. A capital do Estado vive colapso do sistema de saúde devido ao aumento de casos de covid-19. Mesmo assim, Lima disse que não se arrepende de ter flexibilizado as medidas de restrição no fim de 2020.
O Amazonas registrou até esta 6ª feira (15.jan) 226.511 casos confirmados e 6.043 mortes pela covid-19. Os números tornam o Estado como o 3º no ranking com todas as unidades da Federação quando considera-se as mortes por milhão de habitantes. Perde apenas para o Rio de Janeiro e o Distrito Federal.“Nós fizemos tudo o que era possível”, disse Lima ao jornal O Globo.
“No 1º pico da pandemia, nós sofremos por quase 30 dias. Só que dessa vez, nos últimos 10 ou 15 dias, mais do que duplicou o nosso consumo de oxigênio hospitalar.”
O estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus na 5ª feira (14.jan). O Amazonas precisou transferir pacientes internados com covid-19 para hospitais de outros Estados.
“A gente ampliou a rede. Nós abrimos 700 leitos. Nós fizemos tudo o que era possível baseado no que havia acontecido entre abril e maio”, declarou o governador.
Segundo Lima, no entanto, os estoques de oxigênio no Estado devem se estabilizar em 2 dias.
“A gente acredita que em 2 dias nós já tenhamos normalizado a nossa situação, levando em consideração que há uma possibilidade de transferência de pacientes e o fato de que teremos cargas de cilindros de oxigênio chegando”, falou.
“A gente também precisa analisar a curva de infecção para saber em que momento vamos baixar o número de internações. Só vamos ter uma regularização da situação no momento em que caírem as internações.”
Segundo o msn, o governador classificou a situação do Amazonas como “algo extraordinário, excepcional”. “Temos essa mutação do vírus que tem alta transmissibilidade”, justificou.
Nova variante
O Japão identificou uma nova variante de coronavírus em viajantes que estiveram no Amazonas. Pesquisadores da Fiocruz sequenciaram o vírus e descobriram que a mutação teve origem no Estado.
Lima não quis comentar a conduta do presidente Jair Bolsonaro, que deu diversas declarações minimizando a gravidade da pandemia. “O governo federal é um grande parceiro do Estado do Amazonas. Se não fosse o governo federal, estaríamos em uma situação muito mais complicada”, falou o governador.
Sobre a flexibilização de dezembro, Lima afirmou que suas decisões foram “baseadas em dados técnicos” e que ele levou em consideração “a proteção da vida” e “a importância das atividades econômicas”.
Empresários, ambulantes e funcionários protestaram em 26 de dezembro contra decreto que restringia a abertura do comércio. O Poder Público, então, recuou e aumentou o horário de funcionamento.
“Quando a gente fez aquele decreto [restringindo a atividade comercial] e houve aquelas manifestações, o resultado foi o efeito contrário ao que a gente buscava. Acabaram ocorrendo aglomerações. Aconteceu o que a gente não queria. Então, entramos em acordo com os órgãos de controle e com o comércio e encontrar um caminho de conciliação. Até que chegou o momento em que não deu mais para manter a flexibilização.
”Questionado se voltaria atrás na decisão, respondeu: “Todas as ações que tomamos naquele momento foram as que eram possíveis de ser tomadas, evitando uma convulsão social, aglomerações, violência.”
Lima comentou a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no Estado. As provas estão previstas para os dias 17 e 24 de janeiro em todo o Brasil. Na última 6ª feira (15.jan), a Justiça Federal manteve a suspensão da aplicação do exame no Estado.
“O Estado do Amazonas não tem condições de abrir suas salas de aula para fazer o Enem. Já conversei sobre isso com o presidente do Inep e com o ministro da Educação [Milton Ribeiro] e abrimos a possibilidade para que o exame fosse realizado em fevereiro”, disse o governador.
Foto: Isac Nóbrega.