O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (9) a apoiadores na entrada da residência oficial do Palácio da Alvorada que o atual presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Gilson Machado, será o novo ministro do Turismo.

Ele substituirá Marcelo Alvaro Antonio, que mais cedo, no grupo de ministros do governo em um aplicativo de mensagens, chamou de “traíra” Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política com o Congresso. Alvaro Antonio acusou o colega de ter pedido a demissão dele a Bolsonaro a fim de negociar o cargo com deputados do Centrão, bloco parlamentar de apoio ao governo na Câmara.

No diálogo com um dos apoiadores no Alvorada, Bolsonaro afirmou: “Tá sabendo do Gilson ou não? Já tá sabendo do Gilson? É ministro. O Gilson é um cara muito competente nessa área. O outro estava fazendo um bom trabalho também, não é? Mas deu problema aí.”

Até a última atualização desta reportagem, o Palácio do Planalto não tinha feito anúncio oficial da substituição, a 15ª no primeiro escalão do governo em menos de dois anos.

Antes da manifestação do presidente a apoiadores, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, já havia afirmado em uma rede social que Machado tinha sido escolhido como novo ministro.

“Desejo boa sorte a Gilson Machado, que vinha fazendo bom trabalho como Presidente da Embratur e agora se torna novo Ministro do Turismo. Que Deus o ilumine nessa nova jornada”, escreveu Eduardo Bolsonaro.

Alvaro Antônio assumiu o posto em janeiro de 2019, logo após a posse de Jair Bolsonaro. O ministro deixa a cadeira após quase dois anos à frente da pasta.

No início da tarde, o presidente da Embratur, Gilson Machado, esteve no Palácio do Planalto. Questionado por jornalistas se assumiria o Ministério do Turismo, Machado fez sinal de negativo e negou ter sido sondado. A Embratur é vinculada à pasta.

Deputado federal pelo PSL, antigo partido do presidente, Alvaro Antonio esteve envolvido no escândalo das candidaturas laranja em Minas Gerais na campanha eleitoral de 2018.

O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais denunciou Álvaro Antônio e outras dez pessoas sob acusações de crimes envolvendo essas candidaturas.

Mesmo após o ministro ter sido indiciado em inquérito pela Polícia Federal e denunciado pelo MP, o presidente decidiu mantê-lo no governo.

Saindo do Ministério do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio deve reassumir o mandato na Câmara dos Deputados.

O político chegou a cumprir um mandato inteiro como deputado federal enquanto filiado ao PMB e ao PR, entre 2015 e 2018, antes de ser escolhido ministro.

Gilson Machado é empresário, músico e veterinário. Nas redes sociais, ele registra o trabalho como cantor, sanfoneiro e compositor da banda de forró Brucelose.

Pernambucano, Machado costuma acompanhar Bolsonaro em viagens, em especial ao Nordeste, nas quais destaca ações do governo que beneficiam a região. Ele também é convidado com frequência por Bolsonaro para tocar sanfona nas “lives”, transmissões ao vivo pela internet que o presidente costuma fazer às quintas-feiras no Palácio da Alvorada.

Machado assumiu o comando da Embratur em maio do ano passado. Antes, trabalhou na transição do governo e, já com Bolsonaro na Presidência, teve cargo de secretário nacional de Ecoturismo e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Com Machado no comando, o governo federal editou uma medida provisória, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada por Bolsonaro, que transformou o órgão em agência, com status de serviço social autônomo.

A mudança foi feita para permitir que a Embratur continue vinculada ao governo, mas possa receber dinheiro privado para desenvolver ações de promoção do turismo.

Durante a gestão de Machado na Embratur, o órgão provocou polêmica por causa de uma campanha lançada para promover o turismo do Brasil no exterior, com o slogan “Brazil Visit and love us” (Brasil, visite e nos ame, em tradução livre).

O designer francês Benoit Sjöholm acusou a Embratur de violar seus direitos autorais, pois a campanha usou uma fonte tipográfica criada pelo artista que não pode ser usada comercialmente sem autorização. A Embratur admitiu o erro à época.

O Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur) apontou dois problemas: o uso de “Brazil” com a letra Z, que desconsideraou o esforço do país em valorizar a grafia interna; e uma eventual conotação sexual da expressão “love us”, em inglês, em lugar de “love it”.

Contra o distanciamento social

Em discurso no último dia 3, Gilson Machado fez um apelo para que prefeitos e governadores não endureçam medidas tomadas para manter o distanciamento social. Gilson afirmou que o setor de turismo não aguentaria “um segundo fechamento coletivo”.

“Queria aproveitar esse momento para fazer um apelo aos governadores, aos prefeitos, enfim, a quem está com a decisão de fechar um lockdown. O nosso ‘case’ turístico, o nosso ‘trade’ turístico não aguenta mais um segundo fechamento coletivo”, afirmou.

Machado disse, sem citar a fonte, que o Brasil foi o que menos teve desemprego na área do turismo entre todos os países turísticos e deu como exemplo a cidade de Porto de Galinhas, em Pernambuco.

Segundo ele, a cidade pernambucana teve 25% de desemprego enquanto houve “países em que o desemprego foi de 60%”.

“Não fechem, por favor, porque vai haver desemprego em massa se os senhores fizerem isso. Nós conseguimos manter os nossos empregos, que é o nosso capital humano, é o maior bem que uma empresa de turismo pode ter”, declarou.

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News Paraíba com G1