Um funcionário dos correios da Pensilvânia admitiu que forjou a denúncia sobre uma suposta fraude nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, informou o jornal “Washington Post” na terça-feira (10). Essa acusação falsa foi uma das várias alegações sem provas usadas pelo republicano Donald Trump para se negar a admitir a derrota para o democrata Joe Biden, eleito presidente.

O homem, identificado como Richard Hopkins, havia denunciado o sistema o chefe do sistema postal do condado de Erie, na Pensilvânia, por supostamente instruir funcionários a adulterar as datas das cédulas enviadas por correio (saiba mais no fim da reportagem).

No entanto, as autoridades eleitorais da Pensilvânia disseram que Hopkins retirou as declarações e admitiu que forjou a denúncia. O chefe do serviço postal de Erie, Rob Weisenbach, disse que o funcionário “foi várias vezes advertido recentemente”.

Depois de as autoridades comunicarem a denúncia falsa, Hopkins gravou um vídeo — compartilhado por Trump — em que diz que sofreu pressão dos agentes federais para desmentir a acusação. Isso não foi provado, entretanto.

Segundo o G1, a denúncia falsa de Hopkins foi usada por Trump e pelo senador Lindsey Graham como argumento para uma disputa judicial na Pensilvânia. Ainda assim, reportagem do jornal “The New York Times” desta segunda-feira mostrou que autoridades dos 50 estados americanos não encontraram nenhum indício de fraude eleitoral, como alegado pelos republicanos.

Votação por correio

A votação por correio é permitida na Pensilvânia, desde que as cédulas fossem postadas até a data da eleição, 3 de novembro. A contagem desses votos levou Biden a virar na sexta-feira a vantagem que era de Trump no início da apuração — e o democrata só ampliou a vantagem desde então.

De acordo com a Associated Press, a distância de Biden para Trump na Pensilvânia, estado decisivo na corrida eleitoral, chega a quase 50 mil votos. Isso é mais do que o 0,5 ponto percentual considerado praxe para uma recontagem de votos.

Como previsto antes mesmo das eleições, a demora na contagem dos votos por correio levou ao que a imprensa americana chama de “miragem vermelha” — ou seja, uma vantagem inicial de Trump revertida ao longo da apuração. O fenômeno foi visto na Pensilvânia, em Michigan, em Wisconsin e na Geórgia, justamente alguns dos estados onde o atual presidente ainda tenta contestar judicialmente os resultados.

Foto: Eduardo Muñoz.