São 180 dias da confirmação do primeiro caso de Covid-19 na Paraíba e da publicação do primeiro Decreto Estadual. Mas essa contagem vai além, para mais de 200 dias, se contabilizar o planejamento e o trabalho da Secretaria de Estado da Saúde (SES), junto a outros órgãos de esfera estadual, municipal e federal, na construção de um Plano de Contingenciamento para enfrentar a doença. Após seis meses de combate ao novo coronavírus, o Governo da Paraíba avalia as medidas adotadas na saúde e fala sobre o legado da pandemia.
Ainda em janeiro, quando o Estado estava em nível de alerta, foi elaborado o primeiro Plano de Contingência Estadual para Infecção Humana pelo novo Coronavírus, documento que serviria de instrumento orientador das ações dos profissionais de saúde no enfrentamento de casos suspeitos e/ou confirmados. Mesmo não tendo nenhuma suspeita da doença, a SES já executava ações no nível de perigo iminente. O secretário executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde, Daniel Beltrammi, destaca que a pergunta neste momento inicial era “como a Paraíba será atingida?”.
“Reunimos não só as inteligências do Governo, mas chamamos também a sociedade civil organizada, todo o sistema de Justiça, o Poder Legislativo e o Poder Executivo Municipal, com representação dos municípios, para que, juntos, a gente pudesse analisar o cenário e formatar esse Plano de Contingência. Ele não dizia respeito só a preparar a Rede de Serviços de Saúde, mas incluía a preparação de toda uma estratégia de barrar a doença em seu início com restrição de mobilidade. E isso foi muito importante”, explica.
De acordo com a análise do secretário executivo, uma ação de destaque foi o planejamento da quantidade de testes que seria necessária para fazer o diagnóstico da pandemia. A meta do Estado sempre foi testar, pelo menos, 10% da população, o que tornou a Paraíba um dos estados que mais realiza testes para a Covid-19 na região Nordeste e figura entre os dez mais do Brasil. Daniel Beltrammi afirma que este foi um esforço das 14 Gerências Regionais de Saúde, que estão presentes nos 223 municípios, para que o teste pudesse chegar à população.
Além da testagem, outras previsões foram se concretizando e ações foram implementadas nas atualizações do Plano de Contingência ao longo desses seis meses. Por exemplo, a distribuição dos casos nas Macrorregiões da Paraíba em porcentagem. O plano previa que 67% dos casos fossem ocorrer na 1ª Macro, 25% na segunda e 8% na terceira. Em setembro de 2020, a realidade que temos é de 62% dos casos concentrados na 1ª Macro, 22% na segunda e 16% na terceira. Isso mostra que a Vigilância em Saúde da SES desenhou um cenário próximo da realidade de como a Paraíba seria atingida.
“Não podemos esquecer da formação e preparo das equipes de saúde para lidar com uma doença desconhecida. Essa qualificação teve que ser alcançada não só pelos profissionais de dentro dos Hospitais, como também por aqueles da Atenção Básica, que estão nas Unidades Básicas de Saúde. Em nenhum momento, o paraibano ficou aguardando vaga por leito de terapia intensiva e de enfermaria. Essa realidade foi vista largamente não só no Nordeste, mas em todo o país. Isso mostra que, o que foi pensado para começar, tinha coerência e funcionou”, pontua.
Sobre a situação atual dos casos e em que fase a Paraíba se encontra nesse momento, o secretário explica que o Estado atingiu o pico da doença e segue no planalto, estabilizado, com uma média de 700 casos novos por dia e mantendo um número entre 10 e 15 óbitos ocorridos por data de notificação ou nas últimas 24h. Fazendo uma cronologia da pandemia, os primeiros 10 mil casos ocorreram em um intervalo de aproximadamente 60 dias, demorando apenas 120 para chegar as mais de 100 mil confirmações, o que aponta um crescimento rápido.
“A gente agora discute mais a retomada e a flexibilização de como fazer o vírus parar de alcançar as pessoas e isso é preocupante. Nossa prioridade precisa ser responder a pergunta de como vamos conseguir fazer com que o vírus saia destes níveis e diminua o contágio. Preservar a saúde nesse momento continua sendo importante, porque ninguém é invulnerável à Covid-19 e a gente não deve ser surpreendido nessa caminhada”, observa.
De acordo com Daniel Beltrammi, não há dúvidas de que essa crise da Covid vai ajudar a Paraíba a pensar nos seus próximos 20 anos com muita qualidade. “Durante esses meses tivemos a oportunidade de equipar e melhorar a nossa rede de assistência à saúde, trabalhar a capacitação profissional e atualizar o parque tecnológico da saúde no interior do Estado. São melhorias que serão utilizadas não só durante este período da Covid, como também no pós-pandemia para cuidar da saúde de todos os paraibanos. Além disso, o nosso maior legado é o aprendizado”, completa.
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