O Serviço de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) declarou alerta fitossanitário nesta quarta-feira (19/8) por conta da incidência de uma nova espécie de gafanhoto, que é quase três vezes maior do que os que já circulam há semanas no país.

O nome da praga é Tropidacris collaris, conhecida como tucura quebrachera. Segundo o Senasa, o alerta vai até 31 de março de 2021 e tem como objetivo implementar medidas de manejo coordenado junto aos produtores para diminuir o impacto do inseto.

Na definição do Senasa, as tucuras são insetos que “comem muito, alimentando-se de quase todas as plantas, incluindo plantações, pastagens e flora nativa”, e, portanto, “podem afetar a atividade agropecuária de forma direta e a pecuária de forma indireta, pois reduz a disponibilidade de recursos forrageiros”.

Segundo o G1, a agência governamental argentina informou ter detectado avanços da praga nas províncias Santa Fé, Entre Ríos, San Luis e em Pergamino, Buenos Aires. No entanto, houve aumento populacional neste ano nas províncias de Córdoba, Santiago del Estero, Santa Fé, Catamarca, Chaco e Salta, causando danos às lavouras de soja, milho, algodão e sorgo, além de matas nativas e pastagens.

Vídeo de 2018 mostra tucura cobrindo árvore

Famosa na Argentina, a tucura quebrachera até lembra o gafanhoto sul-americano, da espécie Schistocerca cancellata. No final de junho, o próprio Senasa esclareceu que um dos vídeos que circulavam nas redes era, na verdade, da tucura quebrachera.

No entanto, segundo Daniel Igarzabal, engenheiro agrônomo com mais de 40 anos de experiência em manejo integrado de pragas, há diferenças importantes entre as duas espécies.

“As nuvens de gafanhotos são organizadas e voam milhares de quilômetros. Essas tucuras podem formar algo semelhante a uma nuvem, só que com muito menos indivíduos. A formação de grupos também é temporária e as tucuras percorrem curtas distâncias”, diz.

A capacidade de voo das tucuras também é limitada. “As nuvens de gafanhotos movem-se preferencialmente seguindo as correntes de ar quente, a uma altura entre 1.000 a 2.000 metros. A quebrachera não ultrapassa 200 metros de altura”, completa Igarzabal.

Segundo o engenheiro agrônomo, existe a possibilidade de danos em cultivos, mas isso pode ocorrer “uma vez a cada vários anos”. “Não é uma praga constante. A abundância da praga em um determinado ano pode causar danos devido ao déficit alimentar. A tucura se desloca para outras áreas onde há pouca floresta e tenta sobreviver alimentando-se do que pode. Ela prefere plantas de lignina, como sorgo, em vez de soja”, explica.

Foto: Daniel Igarzabal.