O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, assinará na manhã da quarta-feira, 20, um novo protocolo que ampliará as diretrizes de utilização da cloroquina, inclusive na fase inicial de contágio do coronavírus.

Em entrevista ao jornalista Magno Martins, o presidente brincou com o tema, alvo de divergências devido aos possíveis efeitos colaterias. As diretrizes do governo sobre o medicamento também provocaram o pedido de demissão do ex-ministro da Saúde, Nelson Teich. “Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína”, repetiu várias vezes ao fazer piada com o assunto.

O presidente ressaltou que o documento não obrigará nenhum paciente a ser medicado com a substância, mas dará a liberdade para que ele faça uso do remédio caso julgue necessário. “O que é a democracia? Você não quer? Você não faz. Você não é obrigado a tomar cloroquina, agora, quem quiser tomar que tome”, disse.

O presidente afirmou, ainda, que por enquanto não estuda nomear um novo ministro da Saúde. “Por enquanto, deixa lá o general Pazuello. É um tremendo de um gestor”, disse.

Ele também contou mantém contato com o ex-ministro Nelson Teich e que ele, inclusive, passa orientações ao general Pazuello. “Gosto dele (Teich), estou quase apaixonado por ele”, brincou.

Redes sociais

Alvo de polêmicas, o presidente Jair Bolsonaro admitiu que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) é um dos principais responsáveis por gerenciar as suas redes sociais. Apesar das especulações desde o início do governo, Jair Bolsonaro evitou comentar diretamente o tema em outras ocasiões. “É o meu filho Carlos que basicamente conduz (a minha mídia social)”, disse o presidente em entrevista ao jornalista Magno Martins, na noite desta terça-feira, 19.

Assim como fez na campanha presidencial, Jair Bolsonaro creditou ao filho o sucesso de sua estratégia de comunicação digital. O presidente brasileiro é o terceiro chefe de governo mais popular do mundo nas redes sociais. Ele fica atrás apenas de Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e do presidente dos EUA, Donald Trump, segundo o Índice de Popularidade Digital (IPD) elaborado pela consultoria Quaest, a pedido do Estadão, em fevereiro.

“Por que a minha mídia social, que é o meu filho Carlos que basicamente a conduz, né, é a que mais interage no mundo? Porque a gente procura trazer, levar a informação como ela é, e a opinião fica com quem está do outro lado da linha, diferentemente da mídia tradicional”, disse Bolsonaro.

O presidente considera ter sido o responsável por implementar “uma nova maneira de fazer política” e acredita que não teria conseguido sem a comunicação através das redes sociais. “Sem as mídias sociais, eu tenho certeza que não estaria aqui. As mídias sociais foram a nossa liberdade, onde as pessoas podem realmente ter uma informação real”, afirmou.

Bolsonaro utiliza as suas contas em redes sociais para comunicar atos de governo, atacar adversários e criticar a imprensa. A autoria de publicações na conta oficial do presidente, no entanto, foi alvo de dúvidas desde o início do governo.

Em outubro do ano passado, Bolsonaro teve que pedir desculpas por um vídeo divulgado no Twitter que comparava instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) a hienas. Na época, Carlos negou ser o autor da postagem, apesar das informações que indicavam o contrário. O vídeo acabou sendo excluído.

No mesmo mês, Carlos pediu desculpas por outra publicação feita na conta do pai em defesa da prisão em segunda instância. Na época, o vereador disse que escreveu “sem a autorização do Presidente”. “Me desculpem a todo! A intenção jamais foi atacar ninguém”, disse Carlos.

Em abril do ano passado, ao ser questionado sobre o tema, Jair Bolsonaro afirmou que quem possui a senha de suas redes sociais possui a sua confiança, mas não revelou quem era os responsáveis pelas postagens. “No meu Twitter, é responsabilidade minha. Quem tem minha senha tem minha confiança. Não sou eu que posto, mas dou o aval”, disse Bolsonaro na ocasião.

Crédito imagem: Marcos Corrêa/PR

News Paraíba com Estadão