Mais de 100 pessoas foram contaminadas com o novo coronavírus após aulas de dança na cidade de Cheonan, na Coreia do Sul. O fato comprovou que atividades em ambientes fechados podem fornecer alto contágio do vírus, segundo pesquisadores da Universidade de Dankook. O estudo foi publicado na revista Emerging Infectious Diseases.

Segundo a pesquisa, foram registradas ao menos 112 contaminações decorrentes das aulas, em 12 academias diferentes do município. Desse total, 82 eram assintomáticas, ou seja 73,2%. Antes do fechamento das instalações devido aos contágios, 217 pessoas foram expostas. Os casos ocorreram em fevereiro, porém foram identificados até 9 de março.

Ainda segundo a análise sul-coreana, os instrutores foram responsáveis por mais da metade das contaminações. Eles treinaram por quatro horas e, embora nenhum apresentasse sintomas na época, oito deles acabaram testando positivo para o vírus. No total, eram 27 profissionais.

“Os instrutores e os alunos se reuniram apenas durante as aulas, que duravam 50 minutos duas vezes por semana e não tinham contato fora da sala. Em média, os alunos desenvolveram sintomas de 3 a 5 dias após participar de uma aula de dança física”, segundo os pesquisadores de Dankook.

Fatores de contágio

A pesquisa concluiu que a atmosfera úmida e quente dos locais fechados de academia, justamente com o fluxo de ar gerado por atividades físicas de nível intenso, podem causar uma trasmissão mais densa de gotículas isoladas. 

Segundo o Correio Braziliense, não foram registrados casos em turmas com menos de cinco partipantes. Ficou registrado também que, em aulas ministradas nas modalidades de pilates e ioga, nenhum aluno contraiu a doença. Portanto, a hipótese, segundo os pesquisadores, é que atividades de menor intensidade não causam o mesmo efeito de transmissão.

“Devido ao aumento da possibilidade de infecção por gotículas, deve-se evitar exercícios vigorosos em espaços confinados durante o surto atual, assim como reuniões públicas, mesmo em pequenos grupos”, destaca a pesquisa.

Infectologista aponta risco em academia

De acordo com o infectologista André Bon, do Hospital Brasília, ouvido pelo Correio, as academias representam altíssimo risco de transmissão, não só por serem locais fechados, com pouca circulação de ar (que pode favorecer a transmissão), mas também porque têm superfícies altamente compartilhadas.

“As pessoas pegam muito nas mesmas superfícies, em diversas ocasiões e a higiene geralmente não é muito adequada. Assim, o vírus se propaga por vias respiratórias, facilitado pelo ambiente fechado, e também principalmente pelo contato direto com secreções”, enfatiza.

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