O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (18/05) que está tomando hidroxicloroquina como forma de prevenção contra a covid-19.

“Muito agentes de saúde estão tomando. Eu estou tomando. Comecei a tomar há algumas semanas. (…) Uma pílula por dia. Eu penso que é bom, Eu ouvi várias boas histórias”, disse Trump a jornalistas.

A hidroxicloroquina é normalmente usada no tratamento da malária e artrite e estudos ainda não demonstraram sua eficácia contra a covid-19. Ao mesmo tempo, apontaram para efeitos colaterais graves.

Nos últimos dois meses, Trump passou a propagandear com entusiasmo a droga como um tratamento potencial eficaz contra a covid-19. Ele fez a primeira menção à hidroxicloroquina em 21 de março, após o suposto potencial da droga ter sido propagado em círculos de extrema direita na internet que promovem teorias conspiratórias e desconfiança contra o establishment científico e ter ganhado espaço em redes populistas como a Fox News.

Dois dias depois, em 23 de março, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro seguiu o exemplo de Trump e passou a sistematicamente promover o remédio, mesmo sem estudos amplos que comprovassem sua eficácia. Bolsonaro chegou a se referir ao medicamente como “cura” e passou a usá-lo como arma política contra pessoas que pediram cautela no uso generalizado.

Segundo o msn, nas últimas semanas, Trump havia deixado de mencionar a droga, conforme estudos apontaram sobre seus riscos e falta de eficácia, deixando Bolsonaro temporariamente sozinho na defesa. Mas as declarações desta segunda-feira mostram que o presidente americano resolveu retomar a estratégia de propagandear um suposto tratamento eficaz.

No Brasil, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que se opôs a uma adoção generalizada da cloroquina no SUS, apontou na semana passada que o entusiasmo de Bolsonaro pelo remédio se encaixa na estratégia do governo de tentar forçaruma reabertura da economia, mesmo a ausência de embasamento científico. “Ele quer um medicamento para que as pessoas sintam confiança, para retomar a economia. E isso a pessoa fica na sua tranquilidade achando que o medicamento resolve o problema”, disse Mandetta na sexta-feira.

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