No que depender do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, o agora ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, já tem um emprego: “Ficaria honrado com sua presença em meu governo porque aqui, vossa excelência tem carta branca sempre”, escreveu o mandatário no Twitter logo após o anúncio de demissão feito pelo ex-juiz nesta sexta-feira, 24
A força tarefa da operação Lava Jato se manifestou dizendo que “a tentativa de nomeação de autoridades para interferir em investigações é ato da mais elevada gravidade e abre espaço para a obstrução do trabalho contra a corrupção e outros crimes praticados por poderosos, colocando em risco todo o sistema anticorrupção brasileiro”.
Em seu discurso de demissão, Moro reclamou de interferência política na Polícia Federal. O ex-juiz decidiu sair do governo após perder uma queda de braço com Bolsonaro em relação à chefia da Polícia Federal. A demissão do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, foi publicada no Diário Oficial nesta manhã. A fala de Moro começou às 11 horas e durou cerca de 40 minutos.
Luiz Henrique Mandetta, que também desembarcou recentemente do governo Bolsonaro, postou uma foto sua com o Moro em seu Instagram, dizendo que o trabalho do ministro na Justiça “sempre foi técnico”: “Durante a epidemia trabalhamos mais próximos, sempre pensando no bem comum”, disse.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC)defendeu que Jair Boldonaro renuncie à Presidência da República: “Que assuma logo o vice para voltarmos ao foco”, escreveu.
“Estamos juntos”, disse Luciano Hang, dono da rede lojas Havan, e apoiador declarado de Bolsonaro, se referindo a Moro. O empresário lamentou a saída do ex-ministro nas redes: “Obrigado por tudo que você fez pelo nosso país. Gerações e gerações lembrarão do seu legado”
Já o governador de São Paulo, João Doria, disse durante coletiva de imprensa logo após a fala de Moro que a saída do ministro é “um golpe na Justiça, um golpe na liberdade e um golpe na democracia do Brasil”.
Mais cedo, em post no Twitter, Doria havia dito que o país “perde muito” com a mudança.
A Frente Parlamentar da Segurança Pública da Câmara dos Deputados disse em nota que recebeu a notícia dobre a saída de Moro com “extremo pesar”: Vemos com preocupação esta postura intransigente do Presidente Jair Bolsonaro, que o fez perder um dos seus grandes aliados na luta pela construção de um Brasil mais justo e honesto”. O grupo disse ainda que irá se reunir para decidir os caminhos que serão trilhados daqui para frente.
A Frente Nacional de Prefeitos também se manifestou por meio de nota de seu presidente, Jonas Donizette, de Campinas/SP: “Alertamos para a gravidade das declarações sobre as possíveis interferências políticas em investigações e inquéritos em andamento. Sobre isso, pedimos que sejam tomadas as devidas medidas de apuração e investigação. O país precisa saber do que se tratam essas denúncias”.
No Senado também houve uma chiva de críticas ao presidente Jair Bolsonaro pelas redes sociais. Muito sparlamentares se dizem preocupados com a independência da PF. “Moro sai deixando claro que Bolosnaro quer interferir na PF”, escreveu o senador Angelo Coronel, do PSD da Bahia.
Já Antonio Anastasia, senador pelo PSD de Minas Gerais e vice-presidente da Casa, elogiou a atuação do ex-ministro e disse que torce para que não haja descontinuidade de projetos tocados pelo Ministério da Justiça.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, disse que a OAB vai analisar os indícios de crimes apontados por Moro e que as crises geradas por Bolsonaro são “extremamente suspeitas”.
Líder da minoria da Câmara, o deputado federal Alessandro Molon diz que Bolsonaro age para frear investigações da PF sobre seus filhos: “Ele nunca quis acabar com a corrupção”, escreveu.
Janaína Paschoal, deputada estadual por São Paulo e co-autora do pedido de impeachment que tirou a ex-presidente Dilma Rousseff, disse que Moro revelou crimes graves durante seu discurso de demissão: “acredito em todas as palavras dele”, diz.
Joice Hasselman, deputada federal, disse que “o Brasil ganha o melhor candidato para a presidência da República” em seu Twitter.
O cientista político Carlos Melo, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), chamou Bolsonaro de líder disfuncional, “que age contra os interesses daqueles que o elegeram”, disse em uma live organizada nesta tarde pela XP. Para ele o cientista político, o presidente caminhando para ficar sozinho: “Daqui a pouco ele vai gritar ‘não me deixem só’”, em referência à histórica frase proferida pelo ex-presidente Fernando Collor quando viu que estava isolado politicamente e prestes a enfrentar o processo de impeachment.
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News Paraíba com Revista Exame