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Invasão estrangeira: quem são os treinadores recém-chegados ao Brasil

O impacto causado pelo português Jorge Jesus, campeão brasileiro e da Libertadores pelo Flamengo, e pelo argentino Jorge Sampaoli, que deixou o Santos depois do vice-campeonato nacional, abriu as portas a novos treinadores estrangeiros em 2020. Três clubes da primeira divisão já confirmaram as contratações de comandantes de fora do país: o Atlético-MG, com o venezuelano Rafael Dudamel, o Santos, com o português Jesualdo Ferreira, e o Inter, com o argentino Eduardo Coudet. 

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Outros clubes, como o recém-promovido Red Bull Bragantino, que negocia com o português Carlos Carvalhal, também podem recorrer à metodologia gringa até o início do Brasileirão. Nem todos os forasteiros, porém, seguem exatamente a filosofia de jogo que consagrou Jesus e Sampaoli. Confira, abaixo, o que esperar dos novos “misteres”.

Dudamel, de 47 anos, surpreendeu os torcedores de seu país ao deixar a seleção venezuelana depois de cinco anos de um elogiado trabalho, alegando desavenças com a diretoria. No comando da seleção “Vinho Tinto” adulta, ele participou de 42 jogos, com 12 vitórias, 17 empates e 13 derrotas. No ano passado, se destacou na Copa América do Brasil, no qual empatou com a seleção anfitriã na primeira fase e caiu nas quartas de final diante da Argentina.

A Venezuela de Dudamel causou enormes problemas à seleção brasileira e a outras gigantes do continente jogando de maneira defensiva e organizada, assustando nos contra-ataques. Ao desembarcar nesta segunda-feira, 6, em Belo Horizonte, ele negou que seja um “retranqueiro”. “Meu estilo é ganhar!”, disse. “Estou muito feliz de estar no Galo, por sua grandeza, por sua história e é uma grande oportunidade de triunfar”, completou.

Dudamel foi um goleiro de destaque, titular de seu país durante muitos anos – era o goleiro do Deportivo Cáli, da Colômbia, na final da Libertadores de 1999 vencida pelo Palmeiras –, e pendurou as luvas em 2010, quando iniciou a nova carreira no Estudiantes de Mérida, único clube que dirigiu. Ele assinou contrato de dois anos com o Atlético e tem como um de seus principais trunfos a habilidade para desenvolver jovens jogadores, uma necessidade do clube. Era ele o treinador da surpreendente seleção venezuelana que conquistou o vice-campeonato mundial sub-20 em 2017.

Segundo a Veja, o experiente treinador português de 73 anos assinou vínculo de um ano com o Santos. Ele estava sem clube desde maio, quando deixou O Al-Sadd, do Catar, depois de conquistar a liga local e vinha trabalhando como comentarista. O chamado do clube brasileiro o fez repensar a aposentadoria.

“É curioso como aparece uma situação dessas, um convite desse em um momento em que todas as armas pareciam ter sido desengatilhadas (…) A verdade é que quando o Santos aparece e diz: ‘nós queremos você!’, não é normal, não aconteceu por acaso. Logo o Santos do Pelé, o clube que foi a primeira referência que tive do futebol brasileiro. Eu não podia dizer que não”, afirmou Jesualdo, em sua despedida do programa canal 11.

Jesualdo é técnico desde 1981 e passou pelos principais clubes de Portugal – pelo Porto, conquistou três ligas portuguesas (2007, 2008 e 2009) –, antes de se aventurar em terras estrangeiras por Málaga (Espanha), Panathinaikos (Grécia), Zamalek (Egito) e Al-Sadd (Catar).  É um estudioso do futebol e, tal qual seu antecessor Sampaoli, é conhecido por seu gosto pelo futebol ofensivo. O 4-3-3 é seu sistema de jogo favorito.

O mais jovem dos três novos gringos, Eduardo “Chacho” Coudet, de 45 anos, foi um bom meio-campista com passagens por River Plate e Rosário Central, e iniciou sua trajetória como técnico em 2015, pelo time de Rosário. Chegou ao Inter depois de dois anos de sucesso dirigindo o Racing, pelo qual conquistou o Campeonato Argentino de 2019.

Coudet é apontado como um dos seguidores da escola de Marcelo Bielsa, seja na tática ou no comportamento agitado à beira do campo, ainda que, ironicamente, tenha havido desavenças com “El Loco”- reza a lenda na Argentina que Coudet não foi convocado para a seleção de Bielsa pois era ídolo do Rosário, rival do Newell’s Old Boys, time do coração do comandante. As equipes de “Chacho” têm como principais características o jogo vertical e a intensidade.

“Escolhi o Inter por ser um clube passional. Gosto de equipes passionais e gosto desta loucura linda que o torcedor vive”, afirmou em sua apresentação o novo treinador, que ganhou um cachecol colorado – o adereço é uma de suas marcas registradas. O argentino prefere adaptar seu esquema aos atletas ou até às características do adversário, mas não abre mão do protagonismo e da posse de bola. “Normalmente, meus times jogam com dois atacantes, mas o sistema vai se adaptando ao momento dos jogadores. O sistema não está acima da realidade do time.”

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