Na quinta (29), Bolsonaro havia dito em vídeo que Doria havia “mamado nas tetas do BNDES”, em referência à compra de jatinho a juros subsidiados do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Bolsonaro já se declarou candidato à reeleição em 2022, enquanto Doria também aparece como postulante ao Palácio do Planalto nas próximas eleições.
O tucano tem feito uma série de críticas indiretas à atuação do presidente. A mais recente na crise do desmatamento, durante visita à Alemanha nesta semana.
Nesta quinta, em transmissão ao vivo pela internet, Bolsonaro disse que o governador paulista “mamou” nos governos do PT antes de entrar na política, ainda como empresário.
“João Doria comprou [avião] também. Explica isso aí. Só peixe. Amigão do Lula, da Dilma. Eu vejo o Doria falando de vez em quando ‘minha bandeira jamais será vermelha’. É brincadeira! Quando estava mamando lá a bandeira era vermelha com um foiçasso e um martelo sem problema nenhum, né?”, disse, encerrando a transmissão na internet com um grito de “ihuuu”.
Na Alemanha, nesta sexta, Doria rebateu. “Não vou entrar nessa polêmica”, afirmou. “Essa informação já era pública. Já tínhamos comprado, assim como o Luciano Huck, e não tinha nenhuma caixa preta”, disse Doria, citando o apresentador de TV, que também é visto como possível candidato nas próximas eleições presidenciais.
Doria também reagiu à declaração de Bolsonaro de que é “amigão do Lula, da Dilma”. “Quero Lula e Dilma distantes, se possível do Brasil, até. Que fiquem onde estão, Lula na prisão e Dilma no ostracismo.”
Questionado sobre se Bolsonaro estaria antecipando a campanha presidencial de 2022, o governador disse que “não é hora de antecipar a campanha. Continuo focado na administração de São Paulo”.
Segundo Doria, o presidente não deve ter tido a intenção de atacá-lo, porque o caso da compra dos jatos “não tem problema nenhum”. “Não devolvo a ofensa nem vou entrar dentro dessa linha de confronto.”
Ainda nesta sexta, Bolsonaro tentou amenizar o tom de suas críticas ao governador de São Paulo. Em entrevista, ele disse que sua posição em relação ao negócio feito pelo tucano “não é nada pessoal”. “Não estou atacando em hipótese alguma o João Doria, estou mostrando a realidade.”
O BNDES divulgou neste mês uma lista com 134 contratos de financiamento de jatos executivos da Embraer a juros subsidiados, no valor total de R$ 1,9 bilhão.
A empresa Doria Administração de Bens, do governador paulista, é uma das citadas, com um empréstimo de R$ 44 milhões. Segundo o governador, o financiamento é normal como parte de uma competição internacional e garante empregos e investimentos no Brasil.
Já Huck pegou R$ 17,7 milhões com o BNDES por meio do Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos). O empréstimo se deu em 2013 por meio da empresa Brisair, da qual é sócio junto com sua mulher, Angélica Huck.
Huck disse, em texto enviado à coluna da Mônica Bergamo na semana passada, que o empréstimo que fez junto ao BNDES para comprar um avião foi “transparente, pago até o fim, sem atraso”.
Não há indícios de ilegalidades nos empréstimos, o que Bolsonaro reconheceu no vídeo.
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